Passei a noite toda a sonhar com o A.. Acordo sempre super abananada porque é sempre tão real que até faz confusão à cabeça. E para juntar à festa, está um dia de chuva, daqueles que gostas. Daqueles que nos faz fazer coisas boas juntos. Esta distância e afastamento está a deixar-me desequilibrada.
Tuesday, February 9, 2021
aguaceiros
Thursday, January 28, 2021
prisão
Daqui a pouco faz um ano que estou em casa. Nem dá para acreditar que isto está a acontecer e o pior é não ver um fim para breve.
Estou cansada.
Thursday, December 31, 2020
vintevinte
Neste último dia do ano, dou por mim a tentar fazer um balanço denro da minha cabeça.
Para além de ter sido um ano surreal e super duro, foi o ano em que estive mais tempo sozinha e se calhar o facto de ir fazer a Passagem de Ano também sozinha, pode ser que feche um ciclo. Nunca pensei que fosse acontecer mas depois deste vinte vinte, de facto tudo é possível.
O Natal, foi o melhor de sempre em muitos, mas muitos anos. Foi sem dúvida muito cansativo porque eu tenho a mania de fazer tudo mas quem corre por gosto não cansa, não é? O facto da Andreia e da Rita terem vindo passar o Natal connosco, deu-me alento e trouxe-me uma nova energia. Recarreguei baterias emocionais e sociais. Foi mesmo muito bom.
Estes últimos dias têm sido muito curiosos e decididamente felizes. Realmente o mundo dá muitas voltas e quando menos se espera, uma surpresa espreita pela frecha mais apertada daquela porta do fundo. Para ser sincera não sei o que para aí vem mas quero acreditar que será algo bom. Para variar.
Creio que este ano serviu para aprender a gerir espectativas, a perceber que em situações adversas tanto o melhor como o pior que há em nós, vem ao de cima. E é surpreendente nas duas perspectivas, até onde podemos chegar.
O sentimento que fico deste ano que, felizmente está a terminar, é de perda, solidão e de incerteza. No entanto também sei que foram criados laços para sempre e que este núcleo duro que me envolve, protege-me de certa forma. Também sinto que ganhei muito mais amor próprio e confiança.
O ano zero está prestes a começar e, tenhamos todos muita calma para aceitar que a tempestade irá eventualmente abrandar. Não será agora no imediato mas será certamente um processo pelo qual todos temos de dar o nosso contributo em pequenos passos.
Quero mesmo acreditar que vou ultrapassar este pesadelo. Só quero a minha vida de volta.
Thursday, November 26, 2020
cansaço
Estou cansada do interesse e desinteresse.
As pessoas estão cada vez mais desligadas e se estão ligadas, sinto-as com um egoísmo enorme. Tenho saudades da partilha, de estar, da intimidade.
Não existe um manual de como lidar com a personalidade e bagagem dos outros mas o que é certo é que eu própria aprendi a conviver com o peso todo em cima e ainda assim, conseguir respirar.
Uma pessoa nunca consegue ser resolvida a 100% mas pode ao menos tentar ultrapassar certas coisas. O desapego é algo desumano.
Este vírus veio precisamente reforçar que a interacção com outros indivíduos é fundamental para manter o equilibrio. No entanto, o medo traz um afastamento brutal e eu estou aqui de coração apertado a tentar manter-me à tona deste pântano.
Wednesday, November 4, 2020
nevoeiro
O futuro está completamente incerto e mais que nunca, cheio de obstáculos.
Espero conseguir ter resiliência para aguentar os próximos meses. Neste momento não consigo ser optimista nem ser aquela pessoa cheia de energia que leva tudo à frente. Sinto-me cansada e desiludida.
Thursday, October 15, 2020
apneia
Tenho pensado todos os dias em escrever aqui mas o tempo passa a correr e este ano parece estar a correr à velocidade da luz.
Cada dia que passa, mais me apercebo que estamos a viver um filme de ficção ciêntífica, daqueles que nos faz pensar - porra, ainda bem que isto é só um filme e que é completamente utópico. Não podia estar mais errada. O ser humano é de facto um animal de rituais e de círculos viciosos que, inevitávelmente volta a cair sempre na mesma ratoeira vezes sem conta.
Neste dia voltamos ao estado de calamidade imposto pelo Estado. Os números de casos infectados estão estupidamente altos. Era inevitável haver implementação de medidas. O país não vai fechar nem parar, é incomportável mas vemos mais uma vez a nossa pseudo liberdade a ser castrada lentamente.
A cultura está pela rua da amargura. Um sector esquecido na miséria. A mim custa-me horrores não poder ter os meus concertos. Não poder estar numa sala de espectáculos apinhada, a suar e a vibrar com milhares de pessoas à minha volta. Como já disse umas centenas de vezes, estou a viver uma vida que nunca aspirei ter. Nunca tive tanto tempo em casa. Nunca tive tanto tempo parada.
No outro dia conversava com a Andreia e ela dizia que temos de viver o agora porque o passado e o antes, já era e nada será igual. Não podemos ser ingénuos ao ponto de pensar que vai haver um pós pandemia. Este virus irá estar connosco para sempre, então, não vale a pena pensar que amanhã será melhor e dizer "já passou" porque não vai passar. É triste pensar assim mas mais vale ser realista do que viver no engano. Dói menos? Não. É o que há.
A minha vida levou mais uma vez um belo pontapé. Vi-me obrigada a desistir do projecto que me era muito querido mas era impossível continuar. De Março até Setembro, foram meses muito duros. Curiosamente estou muito mais calma e tranquila.
O lado positivo é que este ano estou a conseguir aproveitar ao máximo o sol, a praia, a natureza, o parar, o sentir, os amigos, simplesmente eu. Em Agosto conheci uma pessoa nova que, apesar de estar a 300km de distância, me tem feito bem e feito sentir algo bom.
Este ano iria passar o meu aniversário longe. Já que não é possível estar com todas as pessoas que quero, não iria estar com ninguém. Mas até este plano foi ontem cancelado e deparo-me com a velha guarda "o que fazer nos anos?". Sei que não me quero preocupar nem chatear com nada, por isso queria estar distante destas coisas todas.
Ambiciono tanta coisa mas parece que no fundo acabo por não ambicionar nada. Preciso urgentemente de dar a volta, de seguir em frente, de ultrapassar. Bem sei que é um processo e que nada que implica mudança (para melhor) pode ser repentino, porque para o pior, isso sim é num piscar de olhos. A vida é um instante e se não tivermos os pés bem assentes no chão, corremos o risco de ser levados pela corrente.
Sinto que o mundo está cada vez mais ignorante e intolerante. Quero ter a esperança que possamos aprender alguma coisa com esta experiência louca. Será?