Friday, April 29, 2011

tradição

Cheguei ontem lá de Trás-os-Montes. Foi uma viagem cansativa, conduzir tantos kilómetros acaba por fazer-me doer o joelho.

A estadia passou-se bem. A adaptação à vida no campo custou-me. Passar de mil à hora para uns 50kms/h é uma grande mudança.
Ouvir somente os passarinhos e sentir a aragem fresca e pura das montanhas, revitaliza qualquer um. O cheiro das galinhas e dos coelhos, da terra a ser sachada e das vinhas a serem podadas ainda está comigo.

Murça, vila de gente boa e trabalhadora. Vivem da tradição, o que não deixa de ser bonito saber que ainda não se perdeu tudo.

Sexta feira Santa, à noite havia procissão. Cortejo fúnebre de arrepiar, pelas ruas da vila. Um silêncio de morte e a banda local a tocar temas de arrepiar a espinha.

Domingo de Pascoa, pela manhã mais uma procissão. Um mar de gente devidamente aperaltado. Homens já de certa idade apresentavam os seus melhores fatos (há que dar uso e ar à roupa impregnada de naftalina).
Desta vez, para além da banda, os bombeiros vestidos a preceito caminhavam também atrás do andor com uma imagem feminina que me pareceu ser a Mãe de Jesus (perdoem-me os cristãos devotos mas as imagens são sempre muito parecidas, reconheço-as normalmente pela cor do cabelo).
Pelas ruas, as pessoas penduravam às janelas as suas melhores colchas bordadas e atiravam pétalas de flores à passagem do andor com a imagem da santa.
Debaixo de algum calor e um percurso de uma hora e pouco, assim se passou a manhã.

Antes do almoço, tinhamos por hábito ir à tasca beber um aperitivo. Para além da senhora atrás do balcão, eu era a única mulher a conviver no meio dos homens da terra.

Na mesa esperava-nos um cabrito assado no forno com um aspecto fabuloso.
Abriu-se uma garrafa de Champangne verdadeiro que me levou aos céus. Bebi-o numa taça, como deve de ser e não numa flute ordinária.

À tarde a espera pelo padre ir abençoar a casa foi longa. Eu tive de me esconder, parecia mal diziam elas, pois recuso-me a beijar a cruz. Faço parte da tradição dos costumes mas não me peçam mais. Beijar um símbolo que não me diz nada, parecia-me demasiado.

A semana passou-se tranquilamente.
Fomos a Vila Real. Adorei.
Visitamos também Mirandela, detestei aquilo.
Passeamos pelas terras visinhas, vi bois serenos, ovelhas a pastar e vimos das vistas mais bonitas do nosso país.

Ajudei o meu primo a engarrafar o vinho caseiro. Fiquei com s unhas encardidas, ainda não saiu.
Dei comer às galinhas e apaixonei-me por um coelhinho adorável mas que ficou por lá numa vida de fartura à espera de ir para a panela tal como seria o destino das belas galinhas.

Regressei a casa com pena. Estava-me a afeiçoar à vida no campo.
Viemos carregados com bom vinho e azeite caseiros. Batatas, couves, jarros que estão neste preciso momento a adornar a minha mesa de jantar.
Plantei Alfazema, espero que não morra.

Espero voltar a Murça pela altura das vindimas. Quero mesmo enfiar-me no tanque a pisar as uvas.

De volta à cidade e a uma realidade pouco feliz.

Tuesday, April 19, 2011

terra

Ontem fez 1 ano que estou na minha casa.
Abri um Pêra Doce Reserva 2009.

Não sei por quanto mais tempo cá estarei na minha falsa independência.

Foi uma noite cheia de relâmpagos e trovoada.

Este fim de semana cheguei à conclusão que quero ter uma horta.
Quero fazer agricultura.
Vou para Murça ambientar-me e quando voltar vou estagiar com o Sr. Mariano, o jardineiro dos meus avós de Paço d'Arcos.

Monday, April 11, 2011

percorrer

Acordei cedo e depois da minha taçada de chocapic falsificado fiz-me à estrada a caminho das Amoreiras. Decidi ir a pé e fui pelo trajecto mais longo. Percorri zonas onde não estava há mais de 10 anos. Revivi momentos do secundário e até mesmo da minha infância quando passei pelo Nacional, onde a minha avó Deolinda me costumava levar à piscina de vez enquando nas férias do verão. Duvido que haja alminha lisboeta que nunca tivesse ido ao Nacional.
O Amoreiras está na mesma, só que com algumas lojas diferentes. Que depressão.
Ao voltar, fui pela Avenida da Liberdade abaixo e já no Rossio decido enfiar-me no metro e ir aos Olivais visitar outro shopping. O espaço é estranho, não me convenceu. E, parece-me que a estação de metro está prestes a ruir de infiltrações. Que medo.
Mais uma vez mudo de planos e, em vez de ir para casa, sigo para o Vasco da Gama.
Sempre achei o mais simpático deles todos. Deve ser por não ser completamente vedado da luz exterior. O sol está sempre a bater.
Aproveitando o cartão do Continente, fiz umas compras e finalmente rumo a casa completamente estoirada de tantos kilómetros a pé e para piorar isto: carregadíssima.

Agarrei-me ao sofá e só o larguei porque o Sérgio me convidou para ir ao cinema.
Fomos ver o The Adjustment Bureau.
Gostei bastante, acho que me deu uma certa esperança de conseguir mudar o meu futuro.
Também me relacionei com a sensação de não se saber a razão de haver aquele magnetismo inevitável com certas pessoas.

Sinto-me cansada mas não me apetece dormir.
A Radar está a passar música deliciosa para o meu mood nocturno.
Novo programa "Em Transe".
Audiohipnose, é como o Ricardo Mariano lhe chama, não podia haver palavra mais correcta.

Saturday, April 9, 2011

nada

Aconteceu exactamente o que temia.
Nada, absolutamente nada.

Sunday, April 3, 2011

voa

Sinto-me confiante para amanhã mas lá no fundo há sempre uma pitada de nervosismo.
Só espero que corra bem.
Passadas duas semanas, já começo a ficar com uma pilha e nervos...