indecisão

Ao contrário do ano passado, desta vez ainda não há planos definidos para a passagem de ano.
Será que está tudo sem vontade?
Vamos lá ver o que acontece.

óleo

Este ano apetece-me fatias douradas.
Nem sei bem porquê.

gestos

Aconteceu uma coisa engraçada quando estava a ir para casa depois de mais um dia atarefado no trabalho.
Na Rua do Arsenal, aparece-me um grupo de miúdos à frente, com uns cartazes a dizer "Free Hugs". Abordaram-me de braços abertos e eu sem pensar duas vezes, fiz o mesmo. Abracei uma rapariga e depois vieram mais três amigos e demos todos um abraço em grupo.
Foi giro.
O caminho para casa foi feito com um sorriso de orelha a orelha.
Obrigada.

vazio

Sinto-me desabar.

esperança

O frio instalou-se em Lisboa.
Está a ficar nevoeiro e nestas alturas parece que vai voltar o D.Sebastião para salvar a nação.

perder

Odeio a sensação de desconforto sentimental.
Odeio sentir que estraguei tudo.
Odeio coisas voláteis.
Odeio desilusão.
Odeio isto.

luzes

Este ano apetece-me decorar a minha casa com coisinhas de natal.
Lá em casa dos meus pais a tradição era decorar tudo dia 1 de dezembro, este ano por motivos sentimentais, não o fizeram.
Estamos a dia 3 e ainda só coloquei a coroa de azevinhos na porta.

consciência

Voltei aos meus famosos sonhos onde me farto de falar.
Cansa-me.
No entanto, não deixa de ser cómico quando penso nisso.

progesterona

Estou a precisar de fazer uma daquelas jantaras só de mulheres.
Dar cabo de umas garrafinhas do precioso néctar proveniente de Murça.
Conversar, rir, chorar, cantar, dançar...exorcisar...
Não sou nada dada a estas "coisas de mulheres" mas apetece-me.

bem

O tempo já não é o que era.
Tanto dá para chover torrêncialmente, como faz calor e como a seguir caí uma tempestade de relâmpagos e trovões que até me fazem saltar da cama.

No entanto os astros parecem favorecer-me.
Nem quero agoirar.

Comecei um novo capítulo. Espero que seja longo.
Sinto-me bem.

Finalmente.

tremer

Acordei com um aperto no coração.
Qualquer coisa esquisita que me fez peso no peito o dia todo.

sabor

Tenho vontade de te abraçar até o externo estalar.
Quero que me abraces assim também e, com sorte, uma costela me perfure o coração e acabe de vez com este meu constante querer-te só para mim.
Ter-te o suficiente sabe-me a pouco.

plástico

Ontem estive a mergulhar no mundo do vinil, e que bem me soube.
Ficar simplesmente a apreciar a música tem algo de divino para mim.
A companhia foi perfeita e o resto da noite seguiu o seu rumo pelo inesperado.
Consegui esquecer o mundo.
O dia seguinte parece-me sempre mais comprido e cheio de cheiros no ar.

Amanhã espera-me o comboio das 7.30h em Sta. Apolónia rumo ao Porto para uns dias com a Estela.
Preciso de arejar a minha cabeça.
Espero chegar na sexta mais leve.

Vou-me morder toda para não te dizer nada.

silêncio

A decisão mais acertada que tomei ontem foi ter saido de casa exactamente na altura em que começou a chover torrêncialmente.
Entre rios cascatas e vendaval, lá cheguei ao Quinoa para lanchar com a Estela, Sandra e o Nuno, completamente ensopada da cabeça aos pés.
Cheguei a casa e enfiei-me logo num duche quentinho e saltei imediatamente para o sofá, para um serão tranquilo.
O silêncio ainda me faz confusão.
Ainda não tinha tido tempo só para mim desde quinta.
É esquisito.
Sinto-me com os sentidos adormecidos.
Não sei como reagir.

avô

Hoje tem sido um dia intenso.
É estranha a sensação que fica depois de se perder alguém importante na nossa vida.
O que resta depois das memórias é um vazio estranho.
Imagens em loop dum passado feliz.

Amanhã brindarei a ti.

telefone

Continuamos a estragar tudo.
Sabe tão bem.
E atiro-me de pés juntos.
Para o que der e vier.

fugir

Hoje um cliente disse-me o seguinte:
"Tenha um bom dia e faça o favor de ser feliz."

Deu-me uma vontade enorme de chorar, obviamente.

cheiro

Fiquei com o meu mundo virado do avesso.
Voltar à realidade está a ser difícil.

encaixar

Depois do dia de ontem, hoje nem consigo respirar sozinha.
Ainda não me libertei de ti.
Quero mais.
Não fujas.

estação

Apesar do calor que sem tem notado nestes últimos tempos, os dias já não são os mesmos.
A claridade do sol que entra janela a dentro pela minha casa, espalha-se de forma diferente.
A cor dos reflexos nas paredes das casas vizinhas também é diferente, mais brilhante, menos quente.
Os dias estão assustadoramente mais curtos.
Já apetece fazer planos para passar os dias quando o frio se instalar.
Já sonho com a época do belo Vin Chaud e das pêras cozidas, dos assados no forno, do chocolate quente no sofá quando a inércia me coloniza.
Incosnciêntemente começo a ouvir a banda sonora do frio. Na minha casa a música é como a roupa nas estações do ano. Há música para tudo e para cada ocasião.
Estou preparada para receber o frio, a chuva, os casacos grossos, os edredons pesados, as camisolas de malha polar,as botas, os cachecóis de lã e as collants.

s.e.c.

Está um maravilhoso final de tarde de sábado, estou a 18 dias de completar 29 anos, de pijama no sofá com o mac no colo e estão a dar os primeiros episódios do Sexo e a Cidade.
De repente, chego à conclusão que só agora faz sentido na minha vida ver esta série.
Vivo sozinha no centro de Lisboa e estou sozinha, em busca de algo.
Em 1998 a minha realidade era outra e nunca poderia compreender na verdadeira essência o que o Sexo e a Cidade abordava.
Delas as quatro, sinceramente não sei muito bem quem sou. Sou um bocadinho delas todas, o que pelos vistos também não faz de mim uma pessoa especial. Se o fizesse, com uma tarde destas, estaria a fazer muita coisa com certeza.

regra

Cheguei ontem lá de cima.
Não me apetecia voltar mas sinceramente, também não sei se seria capaz de viver num sítio tão isolado das coisas a que me habituei. Não dos bens materiais mas sim da cultura.

Apanhar as uvas é duro, nomeadamente para o rins!
Pisa-las é extraordinário. Sabe bem a sensação nas pernas e nos pés.
Para o ano há pomada.

Ontem à noite tive visitas e infelizmente a regra não foi quebrada.
Depois de discutir, fugir e até chorar, não consegui resistir.

Hoje estou meio esquisita e não foi só pelo vinho a mais que foi bebido.

uvas

Amanhã depois do trabalho, rumo a Murça.
As vindimas esperam-me.
Volto dia 30.
Estarei em paz durante uma semana.

pulsação

Quero a minha vida de volta.

a.

Hoje fui buscar as fotos que, finalnente, depois de tantos anos, pus a revelar.
Muita história revi naqueles dois rolos.
Estou triste.
Vi o que não devia ter visto.
Afinal havia qualquer coisa.

madrugar

A minha vida é assim: deito-me com as galinhas e acordo com os galos.
São 9 da manhã de sábado e a esta hora já fiz muita coisa.
O dia está xoxo.
Fleet Foxes são a banda sonora perfeita.
Estou mole.

Daqui a nada rumo à Amadora, almoçar com os meus avós.
Vou ser eu a cozinheira. Almondegas.
Depois eu e os meus pais partimos para Alcochete, visitar os nossos primos dos estates.
Já não vou a esta cidade faz já uns aninhos. Dantes gostava de lá ir. Tinha um grupinho de amigos engraçado. Também tinha um amigo chamado António, esse era especial. Nunca mais o vi e acho que já não me lembro onde mora. Adorava revê-lo.

Enfim, será um fim de semana para a família.
Não estou aos pulos de alegria.
Preferia estar sossegadinha aqui na minha casinha, sinto que estou cada vez mais bicho do mato.

m.e.

Peço-te por favor que saias dos meus sonhos.
Começa a ser aborrecido.

dias

Deve estar ciêntificamente provado que à medida que avançamos na idade, o tempo entra em aceleração exponêncial.
Dantes, o ano lectivo era eterno e as férias de verão um secular deleite. Havia tempo para tudo.
Agora, as semanas passam à velocidade da luz. Nem preciso arrancar as folhas do calendário porque elas próprias se rasgam sozinhas sem eu sequer chegar a perceber.
Dou por mim a desejar momentos do passado e querer desesperadamente descobrir o botão do pause do futuro.
Tenho medo de envelhecer sem ter tido uma vida completa.

desfalecer

Mais uma vez sinto-me num vazio tremendo.
Os meus planos foram adiados e desta vez, não há nada que possa fazer.
A minha esperança apagou-se.
Só peço que seja temporário, caso contrário não vou aguentar.

privacidade

Hoje na arrecadação da casa dos meus avós em Paço de Arcos, descobri ums pequenos tesouros.
Sacos cheios de cassetes de uma Maria Teresa. Não faço ideia quem seja. Talvez uma namorada dum familiar qualquer da parte da minha mãe.
Ainda não as ouvi. Trouxe-as para casa. Estão cheias de pó.
Espero que ainda estejam boas. Pareceram-me ser dos 80s e princípios dos 90s.
Mas o que me chamou mais a atenção foi mesmo a decoração das cassetes. Auto-retratos e fotos de ambientes e coisas.
Adorei.
O gosto musical varia entre Violent Femmes a Leonard Cohen, a Vivaldi e Joni Mitchel.
Estou ansiosa por ouvir.

Esta Maria Teresa devia estar mesmo apaixonada.

sensação

Gosto de ti Sr. da Hora do Bolo desta semana.
Who ever you are. Gosto.
Mesmo.

saliva

Merda.
Não me sais da cabeça.
Merda. Merda.

esquecida

Regressei da terra dos mortos.
Estive numa longa ausência em retiro espiritual forçado.

cabelo

Sou da opinião que há coisas que acontecem sem ser por acaso.
Há situações que estão destinadas e quando a química e a física são envolvidas, torna tudo muito mais fácil.
Agora, a concretização das coisas é que nem sempre segue em frente. Parece complicado adiar o inevitável mas de facto já começa a ser um hábito e, cada vez mais, a ideia da finalização me parece deliciosa.

Quero.
Mesmo que estrague tudo.
Apetece-me estragar.
Vamos.

geração

Passeando pelo centro de Lisboa, dou de caras com a infeliz realidade de ver lojas que fizeram parte da minha infância e da minha adolescência, fechar.
Sinto uma tristeza estranha, como se tudo o que fizesse parte das minhas memórias, esteja a desaparecer com uma rapidez vertiginosa.
O mundo está a mudar e não me parece que seja para melhor. Cada geração tem as suas coisas, os seus momentos. De certa forma penso que não faço parte disto tudo que me rodeia.

roque

Este fim de semana foi passado em família.
Sexta saí cedinho do trabalho e fui directa para cascais para jantar com os meus pais. À noite o depois de visitar o Pipers, o Nuno lá me convenceu a ir ver os Summer of Damien no Lotus. Deu para acabar com o resto de energia que me sobrava. Valeu pela música, pela malta e pelas cotoveladas que ainda levei.
Sábado fomos jantar a casa do Ivo e do Luis com o Santiago. Eu que planeava regressar a Lisboa a seguir, os planos sairam-me completamente furados. Ficamos até às tantas a conversar à porta do irish, a recordar os velhos tempos de Cascais, e a sonhar alto com planos para o futuro.
Confesso que já tinha saudades destes serões do rock'n roll.
Sinto-me tranquila.
Próxima sexta há mais.
Tributo de MC5 no Berlim no Bairro Alto.

ralações

A minha vizinha é uma querida.
Adora partilhar música e cinema comigo. Tudo bem alto para eu ouvir também.
E quando está em arrumações, faz questão de me manter actualizada. Consigo sempre perceber para onde vai a mobília.
Também nunca lhe perco o rasto. Sei sempre por onde anda e a que velocidade vai em cada trajecto.
Sinto que temos uma relação chegada.
É pena não conseguir partilhar grande coisa com ela. A física das coisas impede-nos.

fazer

Todos têm uma vida normal, menos eu.

ritmo

Ontem fui fazer um check up por causa da medicina no trabalho.

Para além de testes de visão, audição, raio-x, análises, fiz também um electrocardiograma.

O senhor doutor disse que tenho um bom coração.
Não deixa de ser estranho não sentir a sua existência.

ter

Quero desaparecer.

saudade

A Andreia e a Estela partem amanhã para Itália .
O meu coração vai com elas.
Estar apaixonada em Roma é maravilhoso.
Deixei lá parte de mim, ficou lá congelada no tempo para talvez um dia regressar.

Só me resta desejar-lhes toda a felicidade do mundo porque eu fui feliz naquela cidade, há 10 anos atrás.

pensar

Depois de sábado tenho chegado a muitas conclusões.
Terá sido uma mãozinha do St. António ou será que já estou finalmente a ficar crescida para saber o que realmente quero e o que não quero.

Hoje foi um dia cansativo e parece que me lembrei de pensar em tudo enquanto caminhava pelas ruas de Lisboa.
Daquilo que não fiz e devia ter feito, das decisões tomadas, no meu futuro embaciado, nos assunto pendurados e nos planos cada vez mais longe.

Será assim tão difícil ser feliz?
Ou sou eu que complico tudo e acabo por ser demasiado exigente?
Como se pode ser demasiado exigente quando é da nossa vida que se trata...

cartas

Amanhã começo uma vida nova.
Não estou nervosa.

Pelo menos durante 6 meses vou ser alguém.

divino

Pois é, ontem fui fer o "The Tree of Life".
O Nuno disse que era poesia.
Eu achei demasiado "em busca do divino" e as cenas da evolução pareceram-me a mais.
Emocionei-me a certa altura, não vou negar.
O filme é bom, muito longo mas a fotografia é perfeita, o som e a sua ausência. Os actores, suberbos.
Saímos da sala de cinema a flutuar.

máquina

Aprendi a gostar de me fotografar para ti.

noite

Ontem depois da festa de aniversário da Inês, fiz-me à estrada. A uma segunda feira não há muito para fazer e ninguém se mostrou entusiasmado em ir beber um copo noutro sítio.
Da Cinemateca até à minha casa é um bom passeio. A noite estava fantástica.
Pelo caminho ia-me cruzando com casalinhos apaixonados, de mão dada.
Senti-me só.
Acho que tenho saudades do Amor.

alternativa

Estou farta de ser a gaja fixe.

ondas

Adoro ir à expo e ficar sentada nos bancos de madeira a ver as ondas que os vulcões de água fazem. Transporta-me imediatamente a fins de tarde na praia, quando só apetece estar sentada na areia e sentir as pequenas ondas a bater nas pernas.

fundo

Tenho saudades da sensação de sair do trabalho e ir beber um copo algures para relaxar antes de ir para casa tratar das coisas para o dia seguinte.
Tenho saudades de me sentir útil.
Tenho saudades de ser independente.

Sinto-me a afundar.

incerteza

E assim se inicia outro mês.

A minha aflição continua numa constante que arrepia.

tradição

Cheguei ontem lá de Trás-os-Montes. Foi uma viagem cansativa, conduzir tantos kilómetros acaba por fazer-me doer o joelho.

A estadia passou-se bem. A adaptação à vida no campo custou-me. Passar de mil à hora para uns 50kms/h é uma grande mudança.
Ouvir somente os passarinhos e sentir a aragem fresca e pura das montanhas, revitaliza qualquer um. O cheiro das galinhas e dos coelhos, da terra a ser sachada e das vinhas a serem podadas ainda está comigo.

Murça, vila de gente boa e trabalhadora. Vivem da tradição, o que não deixa de ser bonito saber que ainda não se perdeu tudo.

Sexta feira Santa, à noite havia procissão. Cortejo fúnebre de arrepiar, pelas ruas da vila. Um silêncio de morte e a banda local a tocar temas de arrepiar a espinha.

Domingo de Pascoa, pela manhã mais uma procissão. Um mar de gente devidamente aperaltado. Homens já de certa idade apresentavam os seus melhores fatos (há que dar uso e ar à roupa impregnada de naftalina).
Desta vez, para além da banda, os bombeiros vestidos a preceito caminhavam também atrás do andor com uma imagem feminina que me pareceu ser a Mãe de Jesus (perdoem-me os cristãos devotos mas as imagens são sempre muito parecidas, reconheço-as normalmente pela cor do cabelo).
Pelas ruas, as pessoas penduravam às janelas as suas melhores colchas bordadas e atiravam pétalas de flores à passagem do andor com a imagem da santa.
Debaixo de algum calor e um percurso de uma hora e pouco, assim se passou a manhã.

Antes do almoço, tinhamos por hábito ir à tasca beber um aperitivo. Para além da senhora atrás do balcão, eu era a única mulher a conviver no meio dos homens da terra.

Na mesa esperava-nos um cabrito assado no forno com um aspecto fabuloso.
Abriu-se uma garrafa de Champangne verdadeiro que me levou aos céus. Bebi-o numa taça, como deve de ser e não numa flute ordinária.

À tarde a espera pelo padre ir abençoar a casa foi longa. Eu tive de me esconder, parecia mal diziam elas, pois recuso-me a beijar a cruz. Faço parte da tradição dos costumes mas não me peçam mais. Beijar um símbolo que não me diz nada, parecia-me demasiado.

A semana passou-se tranquilamente.
Fomos a Vila Real. Adorei.
Visitamos também Mirandela, detestei aquilo.
Passeamos pelas terras visinhas, vi bois serenos, ovelhas a pastar e vimos das vistas mais bonitas do nosso país.

Ajudei o meu primo a engarrafar o vinho caseiro. Fiquei com s unhas encardidas, ainda não saiu.
Dei comer às galinhas e apaixonei-me por um coelhinho adorável mas que ficou por lá numa vida de fartura à espera de ir para a panela tal como seria o destino das belas galinhas.

Regressei a casa com pena. Estava-me a afeiçoar à vida no campo.
Viemos carregados com bom vinho e azeite caseiros. Batatas, couves, jarros que estão neste preciso momento a adornar a minha mesa de jantar.
Plantei Alfazema, espero que não morra.

Espero voltar a Murça pela altura das vindimas. Quero mesmo enfiar-me no tanque a pisar as uvas.

De volta à cidade e a uma realidade pouco feliz.

terra

Ontem fez 1 ano que estou na minha casa.
Abri um Pêra Doce Reserva 2009.

Não sei por quanto mais tempo cá estarei na minha falsa independência.

Foi uma noite cheia de relâmpagos e trovoada.

Este fim de semana cheguei à conclusão que quero ter uma horta.
Quero fazer agricultura.
Vou para Murça ambientar-me e quando voltar vou estagiar com o Sr. Mariano, o jardineiro dos meus avós de Paço d'Arcos.

percorrer

Acordei cedo e depois da minha taçada de chocapic falsificado fiz-me à estrada a caminho das Amoreiras. Decidi ir a pé e fui pelo trajecto mais longo. Percorri zonas onde não estava há mais de 10 anos. Revivi momentos do secundário e até mesmo da minha infância quando passei pelo Nacional, onde a minha avó Deolinda me costumava levar à piscina de vez enquando nas férias do verão. Duvido que haja alminha lisboeta que nunca tivesse ido ao Nacional.
O Amoreiras está na mesma, só que com algumas lojas diferentes. Que depressão.
Ao voltar, fui pela Avenida da Liberdade abaixo e já no Rossio decido enfiar-me no metro e ir aos Olivais visitar outro shopping. O espaço é estranho, não me convenceu. E, parece-me que a estação de metro está prestes a ruir de infiltrações. Que medo.
Mais uma vez mudo de planos e, em vez de ir para casa, sigo para o Vasco da Gama.
Sempre achei o mais simpático deles todos. Deve ser por não ser completamente vedado da luz exterior. O sol está sempre a bater.
Aproveitando o cartão do Continente, fiz umas compras e finalmente rumo a casa completamente estoirada de tantos kilómetros a pé e para piorar isto: carregadíssima.

Agarrei-me ao sofá e só o larguei porque o Sérgio me convidou para ir ao cinema.
Fomos ver o The Adjustment Bureau.
Gostei bastante, acho que me deu uma certa esperança de conseguir mudar o meu futuro.
Também me relacionei com a sensação de não se saber a razão de haver aquele magnetismo inevitável com certas pessoas.

Sinto-me cansada mas não me apetece dormir.
A Radar está a passar música deliciosa para o meu mood nocturno.
Novo programa "Em Transe".
Audiohipnose, é como o Ricardo Mariano lhe chama, não podia haver palavra mais correcta.

nada

Aconteceu exactamente o que temia.
Nada, absolutamente nada.

voa

Sinto-me confiante para amanhã mas lá no fundo há sempre uma pitada de nervosismo.
Só espero que corra bem.
Passadas duas semanas, já começo a ficar com uma pilha e nervos...

gelo

Quero a minha vida de volta.

luz

Das melhores sensações do mundo é à noite estar sentadinha no sofá, de janela escancarada a deixar entrar a luz do candeeiro da rua e ouvir o bairro do amor na radio.
Posso ficar assim horas a fio.

Ainda há coisas que me deixam bem.

medo

Inicia-se hoje um novo capítulo na minha vida mas desta vez não estarei aos pulos nem estarei feliz, muito menos bem na vida.
A partir de hoje estarei apavorada e com medo de perder tudo o que alcancei até agora. Uma independência tirada a ferros que mesmo assim continua nos cuidados intensivos por ser demasiado prematura.
Sei que sou forte mas as minhas forças não são para sempre e sinto-me a desfalecer lentamente.
Tenho de conseguir superar isto, caso contrário não sei o que faça.

incolor

Sinto o mundo a desabar a meus pés.

respirar

Quero é putas e vinho verde, como se costuma dizer.

surpresa

Chego a casa das compras, carregada.
Ponho-me de cócoras a arrumar as litradas de leite para consumo diário e dou de caras com um Cemitério das Raparigas ao lado da fruteira.
Abanei a cabeça e ri-me sozinha.
Só tu.

M.B.

"Não devia um homem, pelo contrário, saber tudo, ser exímio em múltiplas actividades, iniciar a mulher nas energias da paixão, nos requintes da vida, em todos os mistérios? Mas aquele não ensinava nada, não sabia nada e não aspirava a nada. Supunha-a feliz, e ela detestava-o por aquela calma tão bem assente, aquela serena inércia, a própria felicidade que lhe dava."

cena

Gosto de putos de ténis, calças justas e camisas aos quadrados.

alice

Acabei de matar a saudade de amor canino no Pónei Dourado.

mudança

Pelos visto, encontro-me novamente com os planos todos alterados.
A pensar que ia ter um serão bem passado, afinal de contas vou ter um serão se calhar ainda bem melhor.
Setúbal aqui vou eu e seja o que deus quiser.

Estou farta de indecisões.
Cheira-me que algo vai mudar.

repeat

Quinta foi noite de concerto dos Paus no Lux.
Concerto mais que bom apesar de ter sido dolorosamente curto.
E como manda a tradição, jantamos todos cá em casa. Foi um serão muito divertido

Ontem enquanto trabalhava no catálogo para a bienal de Praga, com o Miguel, lá do fundo da rádio salta-me à atenção uma voz familiar. Arrepiei-me. Levantei-me tão de rompante que até levei os cabos todos atrás! Era nem mais nem menos que a audição na integra do novo disco dos Radiohead! Claro está que os minutos seguintes foram um pouco desatentos, com uma orelha na radar e outra no Miguel. Ele, que afinal de contas foi de Cascais e frequentador do Lotus e amigo de malta, compreendeu logo a situação em que eu estava.

Cheguei a casa e pus logo o The King of Limbs em repeat. Já perdi a conta das vezes que já ouvi isto mas garanto que cada vez gosto mais. No inicio pareceu-me um bocado Thom Yorkeiano demais mas como se consegue desassociar o Thom dos Radiohead...? Acaba por ser inevitável a sua fusão.
Este disco arrepia e é como beber um copo a um bar: nunca se fica por um copo e neste caso não consigo para de ouvir.

Vou ganhar coragem para comprar a edição com Art Work, pelo preço vale mesmo a pena.

Hoje sábado, acordo num dia chovoso. Dia este que só apetece estar assim como estou agora. Na cama de portátil nas pernas, quentinha e só me levantar para satisfazer as necessidades mais básicas.
Ia a Setúbal ver os Moe's Implosion mas com este tempo e com a minha possível maratona de horas para fazer tempo de me meter num primeiro comboio da manhã, achei que não iria resultar. Quando a metereologia nos der melhor notícias, aventuro-me por terras do choco frito.

Não me apetece fazer nada.

obcessão

Depois de ter tido um fim de semana obscuro ontem decidi ir ver o Black Swan.
Foi uma viagem virtiginosa às maleitas da saúde mental.
Gostei.
O final é épico.

Impressão minha ou os dias têm passado a uma velocidade demasiado rápida?

sol

Este fim de semana esteve um tempo perfeito. Aliás esta última semana tem feito um sol maravilhoso que tem propriedades curativas.

É absolutamente espantoso o poder que certos cheiros têm nas momórias.
Hoje quando estava a atravessar a ponte do Oceanário, senti quele aroma dos plásticos na praia; espreguiçadeiras ao sol; as tendas de pano que se alugavam quando se passava um dia inteiro na praia; a senhora que costumava vender as bolas de berlim na praia, que tinha uma mala de lata vermelha e que a levava na cabeça; churrascos ao almoço e pela tarde toda, saladas e gelados etc etc. Tudo isto em breves minutos que me deixaram numa paz tão boa

Apesar de tudo, estes dois dias foram esquizofrénicos.

Foi uma semana cheia de coisa boas.
Visitas, cinema e concertos perfeitos.

O fim de semana passado também foi uma boa surpresa.
Quero repetir, tenho de repetir pela minha sanidade.

brindes

Quinta regressei ao Botequim da Graça para mais um concerto íntimo, desta vez da Rita Cardoso acompanhada pela Dra. Teresa. Foi fabuloso.
Como no dia anterior tinha feito um bolo de laranja, convidei o Tiago para uma ceia na minha casa depois do Botequim. Ficamos em conversa acesa até esquecer horas e obrigações do dia seguinte. Rendemo-nos ao horário tardiu já bem perto das 6 da manhã.
Sabe tão bem ter estes momentos de partilha.

O dia de ontem no atelier até não custou a passar porque felizmente havia muito que fazer.

À noite houve o jantar da Joana Aguiam e depois fomos ter com o Carvão, Pimenta e Joana lá à dita taberna medieval.
Casa a transbordar de gente.
Havia música ao vivo que nos obrigou a inventar passos de dança.
Violino, Percussão, Gaita de Foles e Alaúde foram os condutores da folia.
Uma paródia de cerveja em copos de barro e em cornos de qualquer coisa, bater com as mãos nas mesas ao ritmo, brindes tolos e um ambiente bem porreiro, a diversão total.
Assim de repente até parece que andamos para trás no tempo, não fosse a máquina de multibanco wireless e a nossa indumentária futurista.
Foi uma noite memorável para repetir.

Hoje vou ao Alquimista ver or Capitães da Areia, ganhei um bilhete!

sombra

Depois de ter recusado gentilmente o convite feito pela Estela e pela Andreia para ir ao cinema por não estar com o mood indicado, decidi espreitar um bar que abriu há relativamente pouco tempo aqui na baixa.
Já tinha passado por lá algumas vezes e o aspecto convidava a entrar: mesas e cadeiras de madeira e muitas velas. No Sábado o Carvão disse que tinha lá estado, por sinal seria uma taberna medeaval e que aconselhava a sua visita.
Foi muito agradável, deu para matar saudades de escrever à luz das velas. Ambiente propício a intropecções. Funcionou porque apesar de ter estado sozinha, sentia-me preenchida de alguma forma. Exorcisei-me um pouco e depois fiz-me à calçada rumo a casa.

De manhã ao passar pelos cafés, adoro sentir aquele aroma a torradas e a galões acabadinhos de tirar, quando ainda têm aquela espuminha por cima.

encontrar-me

Terça acordei com vontade de morrer, se não fosse a obrigação laboral, ninguém me arrancava da cama.
Fui obrigada a sair de casa para ir jogar snoocker...valeu pela companhia divertida que me animou.

Quarta, Groove 4tet no Bicaense.

Quinta, O Filho da Mãe no Botequim da Graça. É sempre mágico.
Fiz jantar para quatro. Depois do concerto ainda voltamos para minha casa petiscar umas pancakes e continuamos noite fora numa palheta agitada. Há quem diga que este serão quase que foi melhor que o da passagem do ano. De certa forma, não poderia concordar mais.

Sexta, já a ressacar de tanta actividade nocturna lá fui eu ver os Groove novamente no Onda Jazz. Desta vez não tive companhia. Foi muito bom e é sempre um prazer vê-los.

Depois disto tudo acho que consegui vir ao de cima, os meus pensamentos macabros deixaram-me por agora. Sinto-me mentalmente mais sã mas continuo cheia de incertezas.

Hoje foi dia para hibernar. Recuperar forças depois de as ter perdido durante uma semana bastante agitada.
Daqui a pouco vou para Cascais porque amanhã é dia de votar.

vinho

Depois de uma semana um tanto atribulada e de me render à cama bem cedo na sexta, acordo cedo no sábado para a lida do costume. Compras e limpezas, preparativos para a jantarada que se avizinhava por estas bandas.
Casa apinhada deu resultado a todos termos de comer em faianças plásticas.
Correu tudo muito bem, as iguarias foram aprovadas pelos homens que frequentam a minha casa (soa mal...). Cozinhar para 8 nesta mini casa dá trabalho.
Já muito ensopados de vinho descemos rumo ao Onda Jazz.
Concerto perfeito do Barretto, Salgueiro e companhia.
Deu para dançar um slow apaixonado com o Nuno e tentar obrigar o Joca a fazer o mesmo mas acabei por dançar sozinha numa espécie de monólogo esquizofrénico.
Cheguei a casa bem torta de mão dada pelo Nuno que me arrastava pelas subidas horrendas.
Nessa noite dormi na paz dos anjinhos.

Domingo em limpezas dos estragos da invasão e vegetar no sofá em frente à tv.

Hoje, início da semana com uma terrível dor de cabeça.
Vamos lá ver como corre o resto pois vêm aí muitos concertos de seguida.

terramoto

2 da manhã e eu estou sentada na cama de mac nas pernas, de phones nos ouvidos com canções de embalar. Tudo isto acontece porque vivo numa casa onde o chão é super fino e como tudo na vida, os que estão em cima nunca se lembram dos que estão de baixo.
A minha vizinha lembrou-se de fazer uma festa, tem todo o direito. Só gostaria que soubesse que até a casa estremece e que oiço tudo, bem como quase apetece gritar a resposta à pergunta para queijinho no Trivial...
Há uma hora atrás estava deitada a tentar adormecer, desisti.
É uma grande chatice porque embora esteja completamente de rastos, as coisas não deixam de passar pela minha cabeça à velocidade da luz.

Pensar...
Pensar para quê?

Há pouco estava a ouvir Walter e ele diz isto : we might never fall in love but you can kiss me anyway.
É mesmo isto, somente isto

Todas as dúvidas ganham o tamanho do mundo, sombras exponenciais.

Estou tão cansada...

adolescência

Hoje é dia de aniversário do Liceu Passos Manuel.
Aos bons e maus momentos passados nos bancos de pedra.
Às amizades para uma eternidade.
A uma adolescência tirada a ferros.

P&B

De cigarro em riste e a saborear um belo dum Gin Tónico caseiro, penso nas coisas que têm acontecido ultimamente e nas coisa que tenho andado para partilhar.

Hoje acordei com um mood cinzento, talvez seja do tempo não sei mas sinto um abandono esquisito. Parvoíces minhas daquelas que dão direito a umas belas bofetadas.
A companhia da Andreia animou o meu estado de espírito.

Ando para dizer que todas as manhãs quando vou para o trabalho me cruzo com um senhor que parece tal qual o Picasso quando era jovem. Esboço um sorriso todos os dias. Só pode ser uma miragem.

Ontem ouvi o Amola Tesouras mais desafinado da minha vida. Quando o vi lá no fundo da Rua do Carmo, até senti butterflies mas depois o pobre homem tocou aquilo de uma forma tão pouco familiar que só me deu vontade de rir. Já não se fazem Amola Tesouras como antigamente.

Quinta o meu avô Zé fez anos, 85, e o velhote já não quis fazer contas da idade que tem. Em conversa fiquei a saber que ele fez a tropa lá em cima na Graça e soube dizer exactamente onde moro: " ah sim, naquela rua onde o electrico da aquela curva". Fomos os do costume lá a casa. Foi giro.

Terça, fui ao cinema. Apeteceu-me. Já é tão raro que uma simples ida faz milagres ao ego. O filme Stone revelou-se ser um excelente exercicio de alma, das coisas que fazemos e dos pecados que sem o sabermos cometemos.

Segunda feira foi dia de digerir um fim de ano bem passado, na companhia daqueles que fazem todo o sentido na minha vida. Por isso agradeço aos que quiseram partilhar a inaguração dum ano novo na minha casinha.
Noite de filme vintage caseiro. Uma boa surpresa este 12 Angry man sugerido pelo Eurico que me anda a levar para maus caminhos.

Domingo, sessão de cinema em casa da Estela com direito a pipoca do Pingo Doce que é igual ao dos cinemas.

Sábado perfeitamente passado na companhia mais perfeita, intervalando com limpezas da noite anterior.

É gratificante quando as pessoas se sentem bem comigo e quando querem partilhar momentos.

2011 não podia ter começado da melhor maneira.
E quando sugeri que escrevessemos os nossos desejos para 2011 e os queimassemos no Largo das Pichas Murchas, não estava à espera que se concretizassem tão depressa.
Espero que aconteça exactamente o mesmo com todos os que depositaram esperança neste gesto simbolico.