Thursday, December 31, 2020

vintevinte

Neste último dia do ano, dou por mim a tentar fazer um balanço denro da minha cabeça.

Para além de ter sido um ano surreal e super duro, foi o ano em que estive mais tempo sozinha e se calhar o facto de ir fazer a Passagem de Ano também sozinha, pode ser que feche um ciclo. Nunca pensei que fosse acontecer mas depois deste vinte vinte, de facto tudo é possível.

O Natal, foi o melhor de sempre em muitos, mas muitos anos. Foi sem dúvida muito cansativo porque eu tenho a mania de fazer tudo mas quem corre por gosto não cansa, não é? O facto da Andreia e da Rita terem vindo passar o Natal connosco, deu-me alento e trouxe-me uma nova energia. Recarreguei baterias emocionais e sociais. Foi mesmo muito bom.

Estes últimos dias têm sido muito curiosos e decididamente felizes. Realmente o mundo dá muitas voltas e quando menos se espera, uma surpresa espreita pela frecha mais apertada daquela porta do fundo. Para ser sincera não sei o que para aí vem mas quero acreditar que será algo bom. Para variar.

Creio que este ano serviu para aprender a gerir espectativas, a perceber que em situações adversas tanto o melhor como o pior que há em nós, vem ao de cima. E é surpreendente nas duas perspectivas, até onde podemos chegar.

O sentimento que fico deste ano que, felizmente está a terminar, é de perda, solidão e de incerteza. No entanto também sei que foram criados laços para sempre e que este núcleo duro que me envolve, protege-me de certa forma. Também sinto que ganhei muito mais amor próprio e confiança.

O ano zero está prestes a começar e, tenhamos todos muita calma para aceitar que a tempestade irá eventualmente abrandar. Não será agora no imediato mas será certamente um processo pelo qual todos temos de dar o nosso contributo em pequenos passos.

Quero mesmo acreditar que vou ultrapassar este pesadelo. Só quero a minha vida de volta.

Thursday, November 26, 2020

cansaço

 Estou cansada do interesse e desinteresse. 

As pessoas estão cada vez mais desligadas e se estão ligadas, sinto-as com um egoísmo enorme. Tenho saudades da partilha, de estar, da intimidade. 

Não existe um manual de como lidar com a personalidade e bagagem dos outros mas o que é certo é que eu própria aprendi a conviver com o peso todo em cima e ainda assim, conseguir respirar.

Uma pessoa nunca consegue ser resolvida a 100% mas pode ao menos tentar ultrapassar certas coisas. O desapego é algo desumano. 

Este vírus veio precisamente reforçar que a interacção com outros indivíduos é fundamental para manter o equilibrio. No entanto, o medo traz um afastamento brutal e eu estou aqui de coração apertado a tentar manter-me à tona deste pântano.

Wednesday, November 4, 2020

nevoeiro

O futuro está completamente incerto e mais que nunca, cheio de obstáculos. 

Espero conseguir ter resiliência para aguentar os próximos meses. Neste momento não consigo ser optimista nem ser aquela pessoa cheia de energia que leva tudo à frente. Sinto-me cansada e desiludida.

Thursday, October 15, 2020

apneia

Tenho pensado todos os dias em escrever aqui mas o tempo passa a correr e este ano parece estar a correr à velocidade da luz.

Cada dia que passa, mais me apercebo que estamos a viver um filme de ficção ciêntífica, daqueles que nos faz pensar - porra, ainda bem que isto é só um filme e que é completamente utópico. Não podia estar mais errada. O ser humano é de facto um animal de rituais e de círculos viciosos que, inevitávelmente volta a cair sempre na mesma ratoeira vezes sem conta. 

Neste dia voltamos ao estado de calamidade imposto pelo Estado. Os números de casos infectados estão estupidamente altos. Era inevitável haver implementação de medidas. O país não vai fechar nem parar, é incomportável mas vemos mais uma vez a nossa pseudo liberdade a ser castrada lentamente. 

A cultura está pela rua da amargura. Um sector esquecido na miséria. A mim custa-me horrores não poder ter os meus concertos. Não poder estar numa sala de espectáculos apinhada, a suar e a vibrar com milhares de pessoas à minha volta. Como já disse umas centenas de vezes, estou a viver uma vida que nunca aspirei ter. Nunca tive tanto tempo em casa. Nunca tive tanto tempo parada.

No outro dia conversava com a Andreia e ela dizia que temos de viver o agora porque o passado e o antes, já era e nada será igual. Não podemos ser ingénuos ao ponto de pensar que vai haver um pós pandemia. Este virus irá estar connosco para sempre, então, não vale a pena pensar que amanhã será melhor e dizer "já passou" porque não vai passar. É triste pensar assim mas mais vale ser realista do que viver no engano. Dói menos? Não. É o que há.

A minha vida levou mais uma vez um belo pontapé. Vi-me obrigada a desistir do projecto que me era muito querido mas era impossível continuar. De Março até Setembro, foram meses muito duros. Curiosamente estou muito mais calma e tranquila.

O lado positivo é que este ano estou a conseguir aproveitar ao máximo o sol, a praia, a natureza, o parar, o sentir, os amigos, simplesmente eu. Em Agosto conheci uma pessoa nova que, apesar de estar a 300km de distância, me tem feito bem e feito sentir algo bom.

Este ano iria passar o meu aniversário longe. Já que não é possível estar com todas as pessoas que quero, não iria estar com ninguém. Mas até este plano foi ontem cancelado e deparo-me com a velha guarda "o que fazer nos anos?". Sei que não me quero preocupar nem chatear com nada, por isso queria estar distante destas coisas todas. 

Ambiciono tanta coisa mas parece que no fundo acabo por não ambicionar nada. Preciso urgentemente de dar a volta, de seguir em frente, de ultrapassar. Bem sei que é um processo e que nada que implica mudança (para melhor) pode ser repentino, porque para o pior, isso sim é num piscar de olhos. A vida é um instante e se não tivermos os pés bem assentes no chão, corremos o risco de ser levados pela corrente.

Sinto que o mundo está cada vez mais ignorante e intolerante. Quero ter a esperança que possamos aprender alguma coisa com esta experiência louca. Será?

Thursday, July 23, 2020

desconfinar

Costumo contar os dias desde o início desta loucura, quando ligo o Mac e ele me informa que há cento e tal dias que não faço backup. Sei que existem cerca de 2/3 dias de diferença entre o dia 16 de Março, data real em que comecei o confinamento, e a data em que fiz o backup do disco.
É surreal pensar que já estamos a chegar a Agosto. Entretanto, já alguma coisa de diferente aconteceu na minha vida. Desconfinei dia 20 de Junho. Já não aguentava mais e, com algum forcing da Margarida, lá saí de casa e fui finalmente ao Crow's. Muita gente, estava muito ansiosa. Acabei por ficar para jantar e acabou por ser uma noite completamente inesperada. Foi bom sentir um ar de liberdade.
No início deste mês, fiz férias com os meus pais. Há pelo menos 20 anos que nao fazíamos férias os 3. Foi bom. Foi uma semana de natureza, rio e muita introspecção. 
A minha situação profissional tornou-se pior. Não sei bem como será depois de Outubro.
Neste momento vivo uma intermitência de vida.Os cuidados são muitos mas honestamente já estou por tudo. É super injusto ter de levar novamente com uma enorme cacetada. Vejo-me novamente dependente dos meus pais. 
Entre crises e recessões e eu sei lá, 2020 é o ano do virus que veio parar o mundo.
Neste momento tento aproveitar dias de sol e é a única coisa que me dá alento para seguir em frente num futuro muito turvo.

Friday, June 12, 2020

avesso

Há algum tenpo que estava para escrever. Queria esperar pelo dia de amanhã pois faz 90 dias que pelo menos para mim, o mundo parou, a minha vida parou e mudou. Neste momento tenho uma vida que nunca quis ter, uma vida aborrecida onde não saio de casa, não tenho vida social, não tenho concertos, não tenho festas, não tenho jantares, nem noitadas. O meu quotidiano agora é trabalhar na varanda do quarto e quando acabo, vou para o sofá da sala. Volta e meia dou um passeio e é basicamente isto. Sinto-me dormente, desmotivada e desanimada. Não estou com ninguém, pouco falo com pessoas. Muita gente já voltou a uma normalidade, eu ainda não tive coragem para ir beber um copo ao Crow's. Recebi o primeiro abraço no Domingo passado no funeral do pai da Inês. Descompensei muito, aquele abraço inesperado deixou-me em lágrimas. Disse ontem à Andreia que, se fosse para a minha vida ser assim nesta condição, preferia morrer. Para quê viver sem poder realmente viver? Não estou com tendências suicidas mas estou a desesperar por um normal a que estava habituada. O que é certo é que o mundo está de pernas para o ar e aminha vida do avesso.

Thursday, May 14, 2020

sessenta

Só agora ao final do dia é que me caiu a ficha que já estou há 60 dias em casa, sozinha. Agora percebo esta ansiedade toda e esta inquetação.

Wednesday, May 6, 2020

adaptações

Na segunda feira dia 4 de Maio, nos meus 50 dias em casa, foi levantado o estado de emergência em Portugal. Estamos agora em Estado de Calamidade. O nome soa bem pior mas supostamente as medidas estão a ficar mais leves. Pequenos comércios e lojas a abrir etc. Não me sinto nada segura de voltar a um normal porque o vírus ainda aqui está e ainda mata. Nada será igual ao dantes. É surreal termos de andar de máscara, parece que estamos a ver um filme apocalíplico... Desde 30 de Abril, dia em que fui ao estúdio buscar o computador, monitor e a minha tralha, que trabalho em casa oficialmente. Tenho aqui o meu escritório montado na varanda do quarto, está catita. Ao menos tenho vista desafogada para a Serra. No estúdio anterior não tinha vista para lado nenhum sequer. Agora organizo o meu tempo da melhor forma. O futuro, esse continua muito incerto. Com fronteiras fechadas e proibições de eventos, não vejo nada a acontecer este ano. Tento não pensar muito...

Monday, April 27, 2020

infinito

43 dias em casa. Nem acredito que já passou tanto tempo. Na verdade já me estou a habituar a estar a trabalhar de casa. Não é tão mau como eu pensei. Pensei que não me adaptasse na medida em que não iria fazer nada o dia todo. O que realmente acontece é que consigo organizar o meu tempo da melhor forma, em vez de estar 8h enfiada no estúdio. Na semana passada tive cá a Clara. Passando a barreira dos 30 dias comecei a sentir muito ansiedade de estar sozinha e resolvi pedir para ter a cadela cá em casa. Foi uma semana boa. De companhia e novas rotinas. Já a fui entregar porque também ela precisa do espacinho dela e do quintal. Foi bom, sinto-me melhor.
Nem tudo é mau mas futuro avizinha-se complicado. Em breve será levantado o  estado de emergência e as coisas vão muito lentamente a voltar a uma ideia de normal. Nada será como dantes. eu cá já ando a magicar como montar um escritório na varanda do quarto. A partir desta semana vou sair todos os dias depois do almoço para dar uma volta, espairecer e apanhar ar e sol.

Wednesday, April 8, 2020

invisível

Dia 23 de quarentena e o sentimento que existe é o da resignação porque não me parece que haja alterações tão cedo. Só saio à rua 1x por semana e somente se for estritamente necessário. Queria muito dar um passeio e panhar sol mas a ansiedade que existe em pôr os pés fora de casa é enorme. Quando tenho de ir a algum lado, na noite anterior não durmo bem. Ontem fui recolher as compras ao Jumbo, não estive dentro do supermercado. Estive perto de duas funcionárias, ninguém usava máscara. A minha preocupação ao deitar era de ter de limpar item um-a-um com lixívia quando cá chegasse a casa. Pensar mil vezes: não tocar com as mãos na cara, não tocar nos óculos, não mexer em nada. Que presadelo. Depois de ter ido levar as compras a casa dos meus pais, consegui com uma força sobre-humana carregar com os sacos todos para evitar duas viagens ao carro. Infelizmente tive de entrar no elevador, coisa que já não fazia ha 21 dias. Mais uma vez, não tocar em nada! Chegar a casa e limpar tudo muito bem e pacientemente. Este virus não se vê, não existem zombies que pudessemos fugir deles. Antes fosse, era tão mais fácil. Mas não. É algo invisível que só se manifesta cerca de 4 a 5 dias depois. Ou seja a minha quarentena fez reset e começo do zero novamente. E rezo para estar bem e para que os meus pais também tenham cuidado e que os meus amigos estejam também bem. Têm sido umas últimas semanas um pouco complicadas, muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. Com isto tudo até dou graças por estar habituada a estar sozinha, caso contrário estava tramadíssima.

Tuesday, March 24, 2020

pormenores

9 dias de quarentena e o sentimento que existe é que isto vai ser para durar. Esta manhã bem cedo fui a casa dos meus pais, que já não estava com eles pessoalmente há quase 2 semanas. Não entrei, fiquei à porta,  não houve abraços nem beijinhos mas ao menos matei saudades da Clara. Trouxe umas coisas que precisava. Finalmente os meus pais deram uso aos anos de consumo de promoções em demasia. No caminho de casa aproveitei, já que a padaria está aberta para take away, e comprei pão fresco e um pastel de nata. Uma maravilha, um luxo nos dias que correm. Ao menos depois disto tudo, vamos dar mais valor às pequenas coisas. Parece que estamos em tempos de guerra. Ter medo de sair de casa porque nem é suposto, filas espaçadas, racionar alimentos e outros produtos... Fez-me bem apanhar ar fora de casa. Acho que consegui uns 10 minutos de vitamina D. Esta alteração de rotina diária vai-me dar algum alento para os próximos dias

Tuesday, March 17, 2020

apocalipse

Neste momento de quarentena a trabalhar de casa e o futuro incerto parece surreal. Tudo a fechar, tudo parado, o virús a alastrar. Esta manhã fui de fugida fazer umas compras antes que o caos se instale ainda mais. Parece que estou num filme de ficção ciêntifica.
Acabo de ouvir que esta manhã será a última emissão em directo na Radar. Sinto-me super infeliz.
Os próximos dias vão ser muito duros, vamos ver o que nos espera.

Monday, March 2, 2020

inês

Primeiro dia útil de Março e o primeiro dia em 15 anos que não temos a Inês a falar connosco porque decidiu sair da Radar. Sexta foi a última emissão e custou-me muito esta despedida. O Pedro saiu sem dizer nada, foi melhor assim. Agora sermos avisados do fim é terrível. Continuarei a ouvir esta rádio como de costume mas vai ser esquisito perceber que não, a Inês não foi de férias. Não, ela não vai voltar. Enfim, em tudo na vida existe um ciclo e já percebi que este ano vinte vinte está a ser o fim de muitos. Estou curiosa para os próximo episódio.

Monday, February 24, 2020

tipos

Ando a ter uns sonhos super esquisitos com tipos que não conheço ou com tipos famosos. Que coisa mais parva mas a verdade é que nunca me apetece abandonar o sonho quando acordo.

Thursday, February 13, 2020

rádio

Hoje é o Dia Mundial da Rádio e até parece que é de propósito, as minhas maiores suspeitas eram de facto verdade. O Pedro Ramos deixou a Radar. Neste momento, do staff old school só sobra a Inês Meneses. Já não o ouvia desde inícios de Dezembro e pensei que estivesse de férias mas o tempo foi passando e não havia sinais do seu regresso. Fico triste, na verdade já o ouvia diráriamente há mais de 15 anos. Enfim, tudo tem o seu fim eventualmente.

Tuesday, February 11, 2020

zero

De repente acordas estremunhada no sofá, com o barulho do camião do lixo. São 1h30, nem preciso de confirmar as horas porque estes senhores são mais pontuais do que a Scotturb. Translado o meu corpo para a cama e o que acontece? Tudo o que me apoquenta vem ao de cima e não me deixa adormecer. Coisas por dizer em loop, situações que aconteceram em loop. Um loop infinito de ansiedade e sapos engolidos. Às 3h ainda estava às voltas e depois às 7h o despertador tocou para ir à hidroginástica libertar tudo. Foi bom.
Vai ser um dia longo e difícil. Pacência 0%.

Friday, January 17, 2020

literaturas

Existem livros que nos marcam imenso, felizmente tenho uns quantos. Ontem acabei o Stoner do John Williams e assim que fechei o livro, não consegui evitar desatar a chorar. Que livro maravilhoso.
Isto para dizer que devo ter feito uma associação com o livro porque esta noite sonhei que ia entrar numa universidade inglesa qualquer para estudar química. Adoro sonhar e ainda melhor, adoro lembrar-me dos sonhos.
Entretanto a partir de hoje a minha rotina volta a ser o que era há 4 meses atrás e, apesar de ter dado um bom desbaste aos livros (6) que estavam na minha cómoda, por ler, receio que a velocidade de caracol de leitura irá ser retomada. Mas como se costuma dizer aquelas coisas do "Ano Novo, Vida Nova", pode ser que mantenha o ritmo. Vamos ver.

Tuesday, January 14, 2020

alvoroço

Esta noite sonhei que estava na casa da Graça. Às vezes tenho saudades de viver em Lisboa mas sei que os anos que lá vivi, foram no momento certo e que agora esta cidade que sempre foi minha desde nascença, está num alvoroço incansável.
Sonhei também com um miúdo que me segue no Instagram e que adora fazer conversa, como se nos conhecessemos. Nunca vi a cara dele mas no meu sonho ele tinha barba e era simpático. Os homens do norte são geralmente simpáticos, não é verdade? E eu tenho um apetecer por eles que é uma coisa parva.

Monday, January 13, 2020

satanás

Hoje à saída do comboio, em Carcavelos, vi um tipo a descer as escadas com a cara toda tatuada. Nada de anormal. O curioso for reparar que a senhora que estava à minha frente ao ver o homem, benzeu-se aos céus. Deu-me vontade de rir.

Friday, January 10, 2020

planos

Comecei o ano com uma serenidade boa. Foi um primeiro dia de 2020 muito produtivo e tranquilo. Apesar do caos em que ficou a minha casa, é sempre uma alegria e um reconforto familiar ter a casa cheia das pessoas. A poucos dias do 31 de Dezembro, ainda se tentava perceber se seria aqui ou ali. Foi giro. Já estamos a dia 10 deste mês que demora uma vida a passar, ainda assim não consigo perceber ou antever que raio de ano será este. Trabalhoso será de certeza e já marquei o meu habitual retiro que no ano passado não consegui fazer. Não querendo cobrar nada, pus a minha vida on hold para nada, é triste. Este ano, faço o meu retiro, vou a França, vou a Itália e se tudo correr de feição, ainda faço férias com o núcleo duro que mantém a minha sanidade no sítio.